OS POETAS E O AMOR
Nunca se conheceu um poeta que estampou em papeis as cores do amor,
Porque o expressar caminha com o racional, e do coração nem tudo se pode decifrar,
Aquilo que não se atinge na intensidade dos olhos,
Os sentidos explicam à medida em que os lábios se encontram,
Quem poderá desenhar os sonhos do coração, o cofre dos desejos escondidos,
Não se pode raciocinar, não se pode explicar aquilo que inflama na alma,
O papel aceitaria as teorias de um rio molhado,
Mas isso não substituiria aquele que desnudo se joga a mergulhar,
O objeto cognoscível é a palavra amor,
Que se escreve com tintas frias sua definição,
Mas seu sentido precisa de um fogo que quanto mais queima, mais se quer queimar,
Alguns poetas o descreveu como o cheiro da chuva na terra molhada,
Como o aroma das flores nos caminhos da primavera,
Alguns poetas o descreveu como noite estrelada no verão,
Como pôr do sol à beira da praia,
Alguns poetas o descreveu como calmaria após longas tempestades,
Como a brisa fresca que agrada a pele em dias quentes,
E mesmo que tenham chegado perto, se limitaram ao expressar,
Aquilo que é sentido após um abraço percebendo a cheiro do abraçado,
Que faz o coração derreter ao sentir o calor da outra pele,
E faz o mundo sumir na fulgura de um beijo,
Aquilo que furta o chão após um carinho,
Que se pode dizer na sutileza do silêncio,
E que faz o coração acelerar,
Os poetas podem com beleza sobre o amor cantar,
Mas o amor, ah o amor se entende na entrega, se entende no amar.