Feiticeira
Sandra M. Julio
Banhei minh’alma em doces riachos, sorvi aromas da natureza,
naveguei ao som do vento, envolta no azul do firmamento.
Emprestei os longos cabelos da noite.
Das estrelas, o brilho que coloquei em meu olhar.
A lua cedeu-me a magia e os anjos a candura.
Permiti-me a essência dos deuses.
Busquei o conhecimento com os guardiões do tempo.
Desarticulei órfãs esperanças.
E...
Como feiticeira, penetrei no enigmático fascínio dos teus silêncios
na busca de decifrá-los.
Retrocedi o tempo...
E encontrei-me absorta a contemplar o brilho do teu sorriso
e o encanto que emana do teu olhar.
Entre fadas e duendes procurei-te paz...
Desmaiam razões e defesas na translúcida realidade dos sonhos que
brincam no âmago das minhas verdades, no paradoxo de mim,
na cripta onde adormecem os sentimentos e ilusões.
Entre anjo e demônio não sei... não sou...
Sinto... Sigo...
Na lascívia do tempo enlouqueço ilusão...
Nessa inócua tentativa de matar a solidão.
Sandra
29/02/05