Lábio contrito
Lembrança atordoada de uma mente fulgaz embaraçada encoberta
de álcool e devaneios
do tocar daqueles lábios nossos
nítida anamnese do que senti,
a ressaca partiu e o anseio emergiu dos fossos
da minha profundidade
revessei insensata ilusão no meu viver
sigo sem medida nas medias confusas da minha intimidade
minha visão naquela noturna inebriada sentiu a sandice do meu apego
delírio de sim ou de não sim, não; sim
lábios contritos decididos flutuantes com desejos de corpo todo
consagrados ou só penados
desejos fundidos e atritos, arbítrios
muro receptáculo de ebulições, e congelamentos
nessa noite construí a sós na lembrança daquele olhar
uma ponte pra me jogar
penhasco sem fundo, que finda no céu;
da tua boca
não vou me esgoelar aos ventos antes de me atirar ao planalto quimera
vou me implodir às imagens fictícias das noites pasmem enquanto caio
nesse abismo infinito dos lábios teus
absinto renito dos ares meus
que levam meu olhar as matérias intocáveis abstratas da minha lembrança