Lábio contrito

Lembrança atordoada de uma mente fulgaz embaraçada encoberta

de álcool e devaneios

do tocar daqueles lábios nossos

nítida anamnese do que senti,

a ressaca partiu e o anseio emergiu dos fossos

da minha profundidade

revessei insensata ilusão no meu viver

sigo sem medida nas medias confusas da minha intimidade

minha visão naquela noturna inebriada sentiu a sandice do meu apego

delírio de sim ou de não sim, não; sim

lábios contritos decididos flutuantes com desejos de corpo todo

consagrados ou só penados

desejos fundidos e atritos, arbítrios

muro receptáculo de ebulições, e congelamentos

nessa noite construí a sós na lembrança daquele olhar

uma ponte pra me jogar

penhasco sem fundo, que finda no céu;

da tua boca

não vou me esgoelar aos ventos antes de me atirar ao planalto quimera

vou me implodir às imagens fictícias das noites pasmem enquanto caio

nesse abismo infinito dos lábios teus

absinto renito dos ares meus

que levam meu olhar as matérias intocáveis abstratas da minha lembrança

Lucas Guerra
Enviado por Lucas Guerra em 12/03/2017
Reeditado em 13/03/2017
Código do texto: T5939083
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