Quando fingimos ser verão

Pele arranhada,

garganta arranhada,

janela e retina embaçadas,

lençóis indiscretos por amor ao que se amassa.

Delícias no café da manhã,

vitrola que geme pela manhã,

nossas bocas que gemem sob luas e versos.

Olha, amor!

Molha, amor!

Densidades pluviais...

Lá vem tempestade.

Mistério dos corpos,

sugestão dos copos,

prazer de quem vê,

sigilo de amantes.

Enquanto nosso olhar cínico através da pele

acostuma a chover todas as manhãs.

Se mentes,

sementes,

semelhança

tamanha

quando fingimos ser verão.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 12/03/2017
Código do texto: T5938407
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