Quando fingimos ser verão
Pele arranhada,
garganta arranhada,
janela e retina embaçadas,
lençóis indiscretos por amor ao que se amassa.
Delícias no café da manhã,
vitrola que geme pela manhã,
nossas bocas que gemem sob luas e versos.
Olha, amor!
Molha, amor!
Densidades pluviais...
Lá vem tempestade.
Mistério dos corpos,
sugestão dos copos,
prazer de quem vê,
sigilo de amantes.
Enquanto nosso olhar cínico através da pele
acostuma a chover todas as manhãs.
Se mentes,
sementes,
semelhança
tamanha
quando fingimos ser verão.