O que era então?
Esse poema pequeno, singelo
agridoce e perverso.
Retrata em cada verso
sentimentos que me ardem no peito
qual chama bruxuleante a esvanecer no vento.
Era o sol na manhã de março
o beijo na noite de fevereiro.
As águas que lavavam o tempo
e carregavam os dias
em direção ao esquecimento.
Era a poesia da alma,
o sonho destinado
a beleza transformada no sorriso
que ecoava no verso que jazia
no fundo do peito
Era a aurora que despontava no firmamento,
o canto dos pássaros embalando seu sono
enquanto eu em juras de amor me dissolvia
ao observar tua face
que em sonhos se remia.
Era o medo e o temor que me consumiam,
e de figuras de pesadelo eu me retorcia
amaldiçoando os dias que em impropérios indignos,
nosso eterno se findaria em lágrimas que me cortariam a alma
deixando-me em frangalhos que jamais se curariam.
Era, enfim, amor, antes mesmo de ser
carma de vidas passadas
eco do que foi e jamais será
paradoxo de um sonho que perdurará
nas areias do tempo que fluem.