NOITE ADVERSA
Por que essa mágoa
que sempre deságua
no fundo do olhar?
Que fecha cortinas,
encobre as retinas,
é canto de mar.
Que fere o orgulho,
eterno mergulho
em outra estação.
É a falta de sono,
o frio abandono,
no amplexo perdão.
É que toda mágoa
no espelho das águas
serenas do mar
refaz-se em poesia
como a ventania
no espaço a brincar.
Desfolha a vingança
garimpa a esperança
e despida de dor,
dorme submersa
na noite adversa
num tempo sem dor.
Marilia Abduani