Façamos dos amanhãs um hoje também.

Eu lhe convido à tarde quente que esse céu azul real trouxe pra gente

Deitar-me em sua calma macia e amparar minha inquietude silente

Deixar-me, nas conversas vazias, provocar todo seu ego discretamente

Eu lhe convido a olhar a imensidão reservada pra nós sob o firmamento

Reparar a inutilidade da urgência e da pressa espalhada nos dias

Perceber a grandeza que o amor verdadeiro toma todo detalhe disperso

Eu lhe convido a me dar alguns dos espaços no seu relógio parado

Sairmos os dois das linhas traçadas pelo destino cansado

Bailarmos então nossa valsa feita de damurida e carimbó

Eu lhe convido a aproveitar o momento de cada instante e não mais

Só agora guardar um único infinito horizonte mutável

Arregaçar as mangas do tempo e fazê-lo trabalhar pra gente

Eu lhe convido a tirar de mim qualquer pedaço que lhe apeteça

Consumir meus sentimentos todos dentro de suas validades vincendas

Arrancar-me da zona de conforto que, em verdade, sufoca o presente

Eu lhe convido a aproveitarmos a nós, a sós, só hoje

E quem sabe assim você descubra que lhe convém

Fazer de alguns amanhãs um hoje também