Sentinela
O sol vigia as sombras, vida à morte
E nos dias de chuva
escondeu-se para que em pingos
O mundo ao meu redor se limpasse
Pessoas corressem
E do mesmo calor
Compartilhassem
O amor por muito espiou-me pela janela engilhada da chuva
até o dia em que viesse a bater à porta.
Por ver-me distorcido na vitrine
A incerteza era de fato, certa. Não sobre aquilo
Mas sobre isso
Minha reação não fora tão obtusa como se dizem aí
os amantes de primeira mão.
Talvez estivesse ali diante de um velho conhecido,
sob a figura de nova representação.
Amor, tão chato amor. Perturbante da razão e do maestro silêncio.
O tempo que permaneci calado foi o suficiente
para que
em tanta razão
A vida me desse
Em reconstrução
A perfeita chance de estar enganado.
Por isso, se te amo hoje
Guio-me pela bússola do incerto
Por isso, se te amar pra sempre
Vejo que a minha astúcia não se fez tão perto.