Chuva
Observo as gotas da chuva
Martelando transparentes
Tamborilando o asfalto
Varrendo como um pente
A calva da rua
Poderia chover para sempre
Vejo os calorosos abraços
Do arroio e da sarjeta sedenta
Vendo as cortinas de vidro
Imensas, que o vento balança
E o firmamento ostenta
Sustenta
Poderia chover para sempre
A gente suporta, a gente aguenta
Aspersão interminável
Febril digitação
Mas dico eu feliz
De verdade
De coração
De estarmos abraçados
Aquecendo a mim e a ti
Podia chover para sempre