O fim de um romance que acabou
É como depois de um enterro.
A gente se pergunta: e agora,
O que fazer das coisas que o defunto deixou?
Pois não se pode queimar ou jogar fora,
Como o lixo que se enterra em um aterro.
 
Na rua sempre passa um caminhão,
Que recolhe os resíduos da nossa vida diária.
Esse é material que pode ser reciclado.
Mas não existe qualquer destinação
Que possa ser dada á emoção residuária
Que fica de um romance acabado.
 
Enterrar seria o ideal. Mas não é viável.
Resíduo de amor não sofre decomposição,
Nem se transforma em material aproveitável
Que possa ser usado em outra produção.
E o pior que ele não é biodegradável; 
O tempo esconde mas não dá consumição.
 
Pois ele é como material radioativo
Que a gente enterra só por precaução,
Sabendo que se trata de um composto vivo
Que continua emitindo radiação.
Quem amou será sempre soropositivo;
Pode controlar, mas cura não tem não.