Desencontros
Não queria compartilhar, assim,
esse pedaço de céu roubado
e dividir contigo o paraíso alheio
quando habitamos, clandestinos,
o que os deuses não alugam.
De que vale conspirar com a lua
invadir a noite pra tomar de assalto
o que a vida nega,
se às vezes não te encontro
a guardar a rosa...
Eu me canso de repente
de tanta estrela acumulada
na insônia da janela,
de tanta ausência impaciente
quando esqueces na varanda
a aurora que te espera.
Talvez me desencontres
no crepúsculo tardio
quando chegues distraída.
Antes de morrer de desamor
o amor muda de pele
ou migra em busca de afeto.