O DIVÃ, EU, MEU AMOR, O PODER E A SOLIDÃO.
Em uma sala de dois por três metros,
Não mais do que isso,
Tudo é maior,
Que todo o mundo lá fora...
E ao mesmo tempo,
Não cabe o caos dentro de mim,
Mesmo assim,
Eu me espremo,
E saio de dentro de mim...
E fico escondido,
Apertado, acuado,
Na pequena saleta,
Que me sufoca,
Como em um cubículo,
De tormento e dor,
De um campo de concentração...
E que aperta a minha garganta,
Até que eu cuspa,
Vomite,
Toda a dor,
Que está dentro de mim...
Há cadáveres dentro de mim,
E cada cadáver em mim sepultado,
De verdades jamais ditas,
E de mentiras mantidas vivas,
Para que eu possa viver,
Como um zumbi...
Eu vou me alimentando das podres mentiras,
Para que os "outros",
Possam viver em paz,
Enquanto eu morro todos os dias,
Com a verdade que tanto amo,
Mais que um dia, irá me destruir...
Seria melhor assim,
Sim,
Sim,
Sim,
Melhor morrer pela verdade,
Em meio ao desprezo,
Do que viver dos elogios,
Da "Pax Romana",
Que nunca existiu no seu coração...
Eu não me curvo, nunca,
Ao poder que você ama,
A dos abutres donos do poder,
Então que venha a minha morte,
A tanto tempo amada, cantada, esperada...
E me traga a paz ou danação eterna,
Destinada aos que ousam,
Desafiar a fúria dos Deuses,
Donos do efêmero poder...