VIM...

Vim, abandonando passos rasos no caminho, eram meus rastros,

A imagem das flores que tentavam meu olhar, minha mão não perdoou e uma retirou,

Aos poucos soltava suas pétalas que deslizavam pelo vento até tocar aquele seco chão,

Para lembrar pelo caminho das cores e dos perfumes que lá abandonei.

Vim, levantando a poeira que não incomodava tanto quanto a velha lágrima já incomodou,

Desfazendo embaraços, livrando dos pesos, ensaiando com a corda encardida novos laços,

Lá do passado alguns atrasos não simbolizavam mais tempo perdido,

Lugar de lembranças, que sorriam para quem resolveu não parar.

Vim, por um caminho onde o desconhecido e o novo cortejavam o coração,

E o medo já não era minha prisão, e os desejos criavam asas,

Vim, porque ouvi que do outro lado se escondiam os sonhos,

E eu que tanto havia caído, ainda não estava convencido que deveria estagnar.

Vim, imaginando que se eu fosse Deus, giraria essa roda dos sonhos,

E criaria um paraíso secreto onde não nos pudessem achar,

Onde os beijos e os sorrisos seriam apenas seus,

Mas isso é fantasia, então venho para criar esse paraíso em seus abraços.

Vim, de onde o sol já não clareava sem queimar, apenas fazia arder,

De onde a casa não abrigava e o coração se sentia perdido,

E neste caminho de mato rasteiro nas laterais que liberavam um cheiro suave ao ar fresco,

Reinventei todos os anseios, e construí um ninho de quimera para esse amor habitar.

Leonardo Guimarães Rosa
Enviado por Leonardo Guimarães Rosa em 25/02/2017
Código do texto: T5923873
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