LA SERVA PADRONA
I
Suspensa, uma nuvem passa
sobre a humanidade distraída.
O sol, num eixo centralizado
equilibra, uma terra iluminada.
O sobrado está assentado, alto
da estrada perfilada de palmeiras.
Sob a larga janela aberta ao sol
belas alfazemas crescem favoritas.
No jardim, de flores perfumado
as abelhas trabalham, plenas
em uma colmeia na melgueira.
No pomar florado, entre os pessegueiros
os pássaros, convidados da primavera
chilreiam, formando uma doce sinfonia.
II
- Serpina Penserete
Graciosa, Serpina caminha, esgueira-se.
Seus passos delicados, são medidos
sobre as raízes expostas da macieira.
Serpina, teu sorriso me cativa
me faz lúcido, me faz raro.
Só você, Serpina, com sua graça
me encanta, me ganha, me desatina.
Serpina, teus olhos são estrelas
que iluminam o meu caminho;
as fitas do seu cabelo, laços
grilhões que me prenderam.
Teu amor me enlouquece, sério!...
Teu carinho é incrível, me acalma.
Tua boca me percorre, me paralisa
e teus olhos me vazam, me ferem.
Teu suor me põe raro, te exala
como Eau de parfum, me encanta.
Tanta ternura em sua alma, me inflama
me faz sentir-me em sua pele.
III
- La Serva Padrona
Uberto se entrega, perde o coração;
não é mais resiliente, nem mais patrão.
Que me importa Troia ser derribada
se em minha cama tenho teus beijos!
Mas, nós amamo-nos destemperados
e deixamos a natureza assim pequena.
Quando me evitas, tenho saudades;
sou triste em tua ausência e morro...
IV
- Serpina foge com Vespone!
Porque foste tão cruel comigo
unindo-se a esse patético Capitão?
Que é feito daquele rosto cândido
daqueles olhos cheios de inocência
daqueles lábios parecendo sorrir?
Serpina! - Sem despedir-se, ela partiu...
Corri... do portão aberto, seu perfume
ainda se sentia. Meu mundo desabou...
O sobrado desbotado suspira sua ausência;
a cadeira de balanço está vazia na varanda;
os lençóis da cama ainda são os mesmos.
Os pássaros já não cantam no pomar
nem há frutos nos galhos do limoeiro.
As flores murcharam no jardim; estou só...
V
Aspettare e Non Venire...
Pelicano triste, Uberto só, sou eu
desamparado: sem manto, nem fé
sem nada na alma que me console!
Lembranças suas invadem-me:
um toque desavisado na porta
um telefonema fora de hora...
Tudo me faz pensar em você!
Uberto romântico:
Onde estás, vida minha
porque não voltas carinho?
Onde estás, minha estrela
por onde andas escondida?
Com amor eterno te espero
sem julgamentos nem regras;
apenas, na esperança louca
de dar-te na boca, um beijo!