M Á G O A
E com que autoridade vens falar-me
de dignidade se todo o teu tempo,
todas as tuas horas foram sonhar-me
distante de ti como o passar do vento?
Se em tantos outros braços te davas
e cobiçavas paixões perdidas em camas
ilusórias de Almodóvar,
em cujos lençóis viveste horas insanas!
Não serei nunca seguidora dos teus guizos
fantasiosos nos carnavais de arlequins!
Não sou uma dama, certo é, mas o juízo
em mim prevalece, o que não é ruim!
Vai-te de mim, vai-te daqui como um raio
que ao longe destrói as cercanias,
tu seguirás destruindo e olhando de soslaio
tua figura se desfazer nas noites frias!
Eugênia L.Gaio-30/01/2017