VINGA-TE
VINGA-TE
Ainda que me doa eu te permito
levar o meu último sorriso
ultrajar a minha fraqueza
arrancar lágrimas dos meus olhos
Permito-te ferir a minha razão
eu mereço, eu mereço, eu mereço
deixa-me sentir pena de mim
oferta-me o teu desprezo
Castiga-me sem piedade
sorria do meu fracasso
impeça-me de pedir perdão um dia
comemore a minha desgraça
negue qualquer amor por mim
Atira-me a tua vitória
ria da minha dor, da minha infelicidade
fira-me de todas as formas
rasgue o que me sobra de dignidade
Olha-me sem qualquer desejo
tortura-me com a tua indiferença
crava em meu peito o teu punhal
insulta-me com o teu desprezo
Eu mereço sim
não tive coragem de assumir o meu amor
e não compreendi a dimensão da sua dor
hoje te amo, vinga-te, agora, meu amor
vinga-te de mim!
Célia Jardim