HELEONORA (A SERPENTE DE ÓRION)

POESIA LIVRE PARA; Beatriz C. Bandeira com singelezas para um honrado anjo

(...) Meu cachorro montava o Dragão, e ia para o Inferno.

Minha galinha ficava voando sentada nas asas do porco cosendo tomates no caldeirão enferrujado.

Minha gatinha tão pequenina dormia o sono do fogo da juventude transviada.

Eu pobre e sozinho escritor menino, brincava entre murtas vermalhas de primavera, decaído do norte da lua... Como padeço a violência da emoção brava.

Eu lia os contos de fantasias depravadas desses que o obscuro não consegue me dominar.

Os mesmos contos de Salomé dançando o baile do futuro das feras de agosto. Compridas histórias que o fogo não acaba, mas renova numa chama que arrasta o coração doente.

No meio dia branco da lua morta por ideais. A lua e uma voz do passado que aprendeu a me dizer "culpado" "culpado" de não ser belo?

Distante lá muito distante o pai das aferidades do pecar faz plantar abrolhos de março. Pobre poeta ele precisa de sangue, pois os dragões da intolerância traga os bandidos honestos.

Na floresta negra, na floresta cheia de sapos, formigas e carrapatos os heróis dançam a música das fadas nuas encobertas pela seda das vaidades Americana. E eu não compeendia que ser mortal é padecer numa labuta infame.

Psiu... Sim você é a donzela que acorda nas tardes de maio, e o pobre rapaz loucamente declama com infarto de idiotice os sonetos proibidos do luar, que foi embora pra jamais devolver-me a paz.

Para a cama o porco! Onde dorme também o dragão da mística de insanos nus. Queira eu dar um suspiro de violenta tentação que o meu peito se abre para nunca jorrar o sangue doce de Eva! Abandonada no bordel das filosofias de Kant.

Café é bom, mas transar assim que se acorda num dia de eclipse é fenômenal de contemplar. Mesmo que a imaginação permita não escrever sobre traições do falido amor.

Amor que rir dos homens em fevereiro. Minha galinha ficava cantando no ninho do Brasil e sentando-se descansava ao anoitecer da loucura do carnaval.

Olhando pra mim as mulheres tem pena, pena das lágrimas do vazio de agosto sem vida.

E a fazer dormir nos lugares nefastos os porcos da America nos distantes túmulos da cadeia de escravos cegos, e nunca se esquecer que a poesia faz amor com virgens anjos entre as mortais.

Chamava para tomar um bom vinho e o café era derramado no caixão cheio de flores do inverno em cerejeiras Japonesa. Vinho e café vermelho que nem a erva do mato pode adocicar o ódio...

Eu não sabia que meu roseiral no jardim seco aflora um mar de aferidas dúvidas disso tudo que morre aos poucos sem a luz da palavra "perdão" e "sentir". Eu não busco ser santo, porque ofender a Deus com as minhas quimeras afãs é o fim de tudo! Da esgotada moral dos lobos que acordam sempre em meu êxtase.

A angelicadeza mais bonita dos poetas que numa rosa pode exalar ao eterno da vida sofredora se chama divinamente nisso tudo é "paixão" doravante ainda não nos foi revelada por tamanha formosidade. Mas onde os Dragões fizerem seus ninhos o céu levará para bem distante sua habitação em nós.

Nas minhas letras por sermos sozinhos e carentes o mundo clama por guerras de gentileza e inspiração verdadeira. Para acordamos do sono irreal demonizados pelo medo de não termos prosseguido na lume graça humana e perfeita da constante evolução acreditada por nós ser a "alma" e "sentimento de libertos" para heróica morte.

Eu te anseio Heleonora. (...)