MINHA MENINA
[Para minha filha - eterna criança - no seu dia.]
No estranho da tua mente
dá um passo diferente,
que não avance,
não siga em frente,
que volte
para um passado contente,
cheio de tons e matizes,
onde nós fomos felizes.
Quero de novo você
alegre, largo sorriso,
correndo para meus braços,
me sufocando de abraços,
dizendo “mamãe querida,
você é linda!”
De outra feita chorando,
brigou... caiu... machucou...
cara feia, reclamando,
com seu passinho indeciso,
buscando o remédio certo:
o meu beijo, o meu sorriso.
E nas horas de folguedo,
cansadinha do brinquedo,
e já pensando em nanar,
me pedia que a embalasse
que seu sono acalentasse
com cantigas de ninar.
Eu lhe contava historinhas
que inventava pra você...
Você tinha a preferida
era a “história da Isinha”
falando de nossa vida.
Em noites de tempestade
acordava assustadinha
e corria pro meu quarto.
Até que um dia, ao clarão
do relâmpago, me disse,
como contando um segredo:
“É deus tirando retrato!”
E nunca mais teve medo.
A medrosa hoje sou eu
medo da dor, do futuro,
de ficar no quarto escuro,
da solidão sem você.
Do que a vida malvadeza
nos reserva de surpresa
sem a gente merecer.
Volta a ser pequenininha
e a acreditar na mãezinha
que tinha todo poder,
para que eu faça o milagre
de sanar todas as dores
para vivermos de amores
pra sempre, eu e você.