MINHA MENINA

[Para minha filha - eterna criança - no seu dia.]

No estranho da tua mente

dá um passo diferente,

que não avance,

não siga em frente,

que volte

para um passado contente,

cheio de tons e matizes,

onde nós fomos felizes.

Quero de novo você

alegre, largo sorriso,

correndo para meus braços,

me sufocando de abraços,

dizendo “mamãe querida,

você é linda!”

De outra feita chorando,

brigou... caiu... machucou...

cara feia, reclamando,

com seu passinho indeciso,

buscando o remédio certo:

o meu beijo, o meu sorriso.

E nas horas de folguedo,

cansadinha do brinquedo,

e já pensando em nanar,

me pedia que a embalasse

que seu sono acalentasse

com cantigas de ninar.

Eu lhe contava historinhas

que inventava pra você...

Você tinha a preferida

era a “história da Isinha”

falando de nossa vida.

Em noites de tempestade

acordava assustadinha

e corria pro meu quarto.

Até que um dia, ao clarão

do relâmpago, me disse,

como contando um segredo:

“É deus tirando retrato!”

E nunca mais teve medo.

A medrosa hoje sou eu

medo da dor, do futuro,

de ficar no quarto escuro,

da solidão sem você.

Do que a vida malvadeza

nos reserva de surpresa

sem a gente merecer.

Volta a ser pequenininha

e a acreditar na mãezinha

que tinha todo poder,

para que eu faça o milagre

de sanar todas as dores

para vivermos de amores

pra sempre, eu e você.

Sal
Enviado por Sal em 12/10/2005
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