Chegada

Chegada

Nem mesmo sei de que mundo vieste.

Chegaste sem aviso, virando-me pelo avesso,

jogando por terra certos preconceitos.

E o dia tornou-se noite e a noite dia.

Fizeste-me sol que não aquece,

água que não dessedenta,

ventos que não agitam.

Mente em desalinho.

Fizeste-me homem e menino,

turbilhão de pensamentos.

Desejos antes esmaecidos

inadvertidamente acesos.

Fizeste-me caminho sem retorno,

palavras que não revelam,

contracanto de uma melodia

em descompasso a fugir da partitura.

Fizeste-me água que retorna à fonte,

sonhos reais em insólita madrugada,

versos que cruzam incólumes áridos desertos,

pontiagudas pedras que não ferem.

Parecia que não vinhas, mas vieste.

Perdi-me em teus olhos e agora não mais

sou, não sei onde me encontrar

nem explicar o que sinto.