CINTURA NUA
Como agüentar na sofreguidão das tardes, quase noites
os giros e reverências dos teus movimentos
revelando na cintura nua
o desenho dos quadrís perfeitos?
o cotidiano é difícil
numa era de espancamento da Grécia
a cada pronúncia das palavras democracia, erotismo,
a liberdade de costumes propiciar a tênue sombra
da lingerie que oculta a profundidade jazzística
do teu pomar, chamado pelos saudosistas monte de Vênus
quando Vênus é você, a liberdade humana
a delícia, humana a diva, humana e deusa.
Mas, a calça e a deusa, a cintura à mostra da diva
faz do cotidiano a cota do ano suportável
pelo encantamento, não julgue exagerado,
nas paredes impressas em usura e sangue e burocacia
redime-se o escândalo da injustiça pelo desejo.
Argumentará você com desdém
(isto é uma cantada (?!)) - (grosseira?)
não é bem assim, nem todo encantamento é provido do real
como desejar estátuas sem cabeça e sem quadrís perfeitos
e sem cintura à mostra?
Como sonhar com a civilização? (a civilizxação é irritante)
você tem jazz no sorriso
andar selvagemente deslisummer
rompendo arquitetura de estátua
por tudo isso
tua calcinha
das rosas orvalhadas
sintetiza a pele do sonho
o apelo à pele
tua
teus pelos dedilhados
no alaúde que tens entre as coxas
música de serafins
intumescida nascente dedilhada por anjos convertidos ao sexo
- cravo de uma catedral perfeita, teu corpo
instumescido blues