BONITA
Não posso te definir sem viver a Criação de um novo vocabulário
cuja dizência tenha os movimentos das tuas ancas na hora do amor
Te sigo em vão pois não tenho nem o direito de te perder
Cada vez que vou atrás de você me perco ao te passar ao lado
e vou me encontrar num planeta vazio de direções
e só num horizonte fechado de nascentes
e cujo poente a lama dourada prende o barco de desejos
(as bandeiras do querer estão amarradas)
Vou em você sem que vejas pois tua percepção é meu terror
e sigo ateu de qualquer possibilidade de paraíso
Sinto um vôo sonhado pássaro de músculos em vez de plumas
mas no chão entro no espaço do cadavérico pedestre
vislumbrando a nascente dos caminhos perdido no crepúsculo manchado de óleo diesel de tantas estradas
confundidas em levar a lugar nenhum
Mistério é que ilumina teu porte e não há elogio que caiba em você fera atravessada no desejo suspenso caminho oculto
que viagens íntimas trilham onde os pés jamais alcançam
Beleza que não se vê, mas que assusta