Devaneios de uma noite não dormida
Em meu prato, o vômito de palavras engolidas.
Aos pés da cama, o demônio observador.
Qual pecado desprezível tenho adotado para ser odiado por Morfeu?
Orações me atropelam rapidamente.
Por que não posso recitá-las como a serenata de um poeta?
Não tenho voz para deuses faltantes.
Tenho feito do estranho minha casa
e do escuro minha companhia.
E os silêncios do julgamento me acolhem profundamente como sinos natalinos.
Antes, em meus dias vividos, morria pelo medo das coisas secretas que desejava em meu coração
Hoje, em meus dias revividos, morro pela leveza do Senhor dos pecados.
O sono é um convidado que raras vezes fica, mas quando vem, apaga-me como uma vela queimada.
Que doce cantarolar de almas ouço daqui.
Tenho todo tempo do mundo nas mãos, todos os ossos no corpo.
Tenho todo sangue para compartilhar.
Que sabia escolha fiz ao me entregar.