O AMOR
O amor é um bichinho que rói
O nosso egoísmo e o nosso orgulho,
Que finge que dói, mas não dói,
Que é imprevisível como um mergulho.
Bem cedo se aprende a dele fugir.
Bem tarde se vê que dele não se safa.
Em boa parte da vida só faz confundir,
Causando tristeza, dor, euforia e estafa.
Mas a vida sem ele é como o nada,
É mar sem água, é rio sem leito,
É sol sem brilho, estória sem fada,
É super-herói sem emblema no peito.
A vida sem amor, nem mesmo vida é,
Porque a vida e o amor são tudo.
Complemento, suplemento, simbiose até,
Como o tato e a visão para o surdo-mudo.
O amor é como teia de aranha,
Mais se tenta escapar, mais se fica preso.
É cheio de cilada, é cheio de artimanha,
Por isso não há quem dele saia ileso.
O amor machuca, o amor mesmo cura.
Tem a natureza única, mas também ambígua.
Pode trazer saúde mental ou levar à loucura,
Ter grandeza universal, mas ter a fonte exígua.