Rastros

Envolve-me a escuridão fria e eterna

como úmidos e mortos braços gelados

a noite que chega sem ter-me avisado

terna é a morte que a noite governa.

É nesta caverna de paredes internas

pintadas de negro com o teto azulado

formam ideias de uma morada moderna

vista por tolos como um filme velado.

Velado por formas que a voz alterna

venero a noite com a luz da lanterna

e sussurro no vento ao ser segregado

e na vã tentativa de dizer o sagrado.

São todas angustias ao serem anulados

os meus passos neste deserto de areias

este cenário é de tragédia e beleza

com pés descalços sem sapatos e sem meias

e nas mãos eu carrego uma brasa acesa

sem nenhum perdão aos meus parcos pecados.

Estou quase rolando abaixo a ladeira

eu não matei nenhum sabia laranjeira

que saltitava alegre nas vastas planícies

no país inundado por normais imundícies

estão roubando até as nossas palmeiras.

alexandre montalvan
Enviado por alexandre montalvan em 07/01/2017
Reeditado em 22/02/2017
Código do texto: T5874386
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