RIO-MAR
Se tu, rio em mim,
também quero desaguar,
porque rio quero ser
e seguir sendo sempre rio,
remanso de quereres,
correnteza constante
de infindos prazeres!
Desejo afluir-me
em tuas águas cálidas;
brincar, sem reservas,
no teu doce banzeiro,
manso balanço ligeiro,
onde desejo estar...
Corre, louco, para o teu,
o fogoso rio meu
que se encanta se contigo rio
o riso pleno de mar...
A leve maresia espalha
o sal da vida no luar.
À deriva, perde-se a tristeza,
e a corrente me deriva
Para um beijo rio-mar.
Abundante como rio,
gigante como mar.