Torrado Café
Grão amargo que adoça meu entardecer.
Uso-lhe mais do que pode parecer.
Em goles lentos lhe contemplo.
Adentre meu corpo
E faz-me esquecer
De todas as cores do mundo,
Reconheço apenas o seu negro profundo
Da mesma profundidade do olhar deste que diante de mim está.
Calo meu desejo nessa valsa boca café.
Onde dançam as palavras que nunca são ditas.
Língua bailarina está minha,
alcança apenas a xícara.
Que guarda hoje esse meu tanto gostar de ti.