Dois Vampiros A Se Amar

A luz do sol me incomoda,

a luz da lua me agrada,

eu não sigo a moda,

eu sigo e vivo na madrugada.

Vou andando pela noite,

o tempo vigora e o corpo padece,

as dores de uma vida de açoite,

numa eternidade a gente esquece.

O amanhã é totalmente certo,

o ontem ligeiramente já se foi.

hoje eu amo a ponto de querer estar perto,

não sou como os humanos que deixam pra depois.

A minha pele é tocada pela neblina,

meu olfato sente algo surreal,

é o cheirinho do pescocinho da menina,

que me faz virar um animal.

Saio em debandada e sem pensar,

chego bem pertinho daquele ser,

fico preso em seu encanto, em seu olhar,

daí me vem uma vontade imensa de viver.

Vejo que é pura, que é igual a mim,

imagino seus caninos mordendo a minha boca em um beijo,

sei que pra ela o amor não tem fim,

seremos eternamente dois a sentir o mais puro desejo.

O dia vem então chegando sem graça,

e nos trancamos no escurinho de um porão,

enquanto a noite não chega e o dia não passa,

ficamos ali mesmo, como em um só coração.

Dois vampiros a se amar sem pudor,

com sentidos e sentimentos mais que aguçados,

nunca vi algo tão vivo quanto o sangue desse amor,

é por isso que a cada dia ficamos mais apaixonados.

Ricardo Letchenbohmer
Enviado por Ricardo Letchenbohmer em 17/12/2016
Reeditado em 17/12/2016
Código do texto: T5855759
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.