Dois Vampiros A Se Amar
A luz do sol me incomoda,
a luz da lua me agrada,
eu não sigo a moda,
eu sigo e vivo na madrugada.
Vou andando pela noite,
o tempo vigora e o corpo padece,
as dores de uma vida de açoite,
numa eternidade a gente esquece.
O amanhã é totalmente certo,
o ontem ligeiramente já se foi.
hoje eu amo a ponto de querer estar perto,
não sou como os humanos que deixam pra depois.
A minha pele é tocada pela neblina,
meu olfato sente algo surreal,
é o cheirinho do pescocinho da menina,
que me faz virar um animal.
Saio em debandada e sem pensar,
chego bem pertinho daquele ser,
fico preso em seu encanto, em seu olhar,
daí me vem uma vontade imensa de viver.
Vejo que é pura, que é igual a mim,
imagino seus caninos mordendo a minha boca em um beijo,
sei que pra ela o amor não tem fim,
seremos eternamente dois a sentir o mais puro desejo.
O dia vem então chegando sem graça,
e nos trancamos no escurinho de um porão,
enquanto a noite não chega e o dia não passa,
ficamos ali mesmo, como em um só coração.
Dois vampiros a se amar sem pudor,
com sentidos e sentimentos mais que aguçados,
nunca vi algo tão vivo quanto o sangue desse amor,
é por isso que a cada dia ficamos mais apaixonados.