Medo.

Enquanto o tempo passava

E enquanto eu aprendia

Ria da cara da sorte

Não sentia medo

Nem mesmo da morte

Um dia, então, me enganei

Abandonando aquele escudo

Por pensar que sabia de tudo

Saindo ao mundo

Sem nem mesmo um guarda-chuva

Cara fechada, coração vazio

Sem medo de perder

Por sentir, que tudo já estava perdido

Ontem, eu acordei com medo

e eu o sinto, ainda hoje:

Medo de quebrar cristal,

Medo de perder o que não tenho,

Medo de perder de novo

Tudo que estava perdido

Um novo medo a cada passo

Medo de escrever coisa boba

Medo de morrer num sonho

E não voltar nunca mais

Medo de perder sorrindo

Como naqueles jogos de gincana

A toalha de linho,

A luz na janela,

As xícaras de porcelana

E aquela esperança que eu tinha

Um medo que eu pensei

Que não ia sentir nunca mais

Medo da despedida

Onde a última alegria desta vida

Se vá

Sem nem mesmo olhar pra trás

Edson Ricardo Paiva