...voceu

...voceu

Talvez, você possa pensar que cada verso escrito seja, simplesmente, palavras compradas e viciadas de sentimentos repetitivos.

Talvez...

Talvez, você rasgue cada rima e faça dos sentidos nela contidos uma chacota.

Talvez...

Mas...

Nunca senti mais que vontade de estar envolto em seus braços

Não lhe amo; não tenho paixão. Eu lhe desejo!

O desejo me leva até você e me traz a sua presença.

Cada beijo dado ainda molha os meus lábios;

Cada afago acalma minha ansiedade.

Ainda tenho as suas digitais em mim e,

De quando em vez, seu cheiro perfuma meu leito.

Ainda sinto o seu íntimo preenchido por mim e

Do fundo do fundo de você, me encontro.

Cada lágrima que você derramou, eu me lavei

Cada sorriso que ofertou, ganhei vida.

Talvez, fôssemos apenas momentos

Mas.

Vivemos intensamente o infinito de nós dois

Você completa e eu todo; éramos mais e mais.

Nunca fomos metade um do outro; somos demais!

Fomos o que devíamos ser:

Cartas de amor; bilhetes; zaps; e-mails...

Segredos.

Escancaramos apenas nossos gemidos que

Nunca foram silenciados pelo pundonor do mundo.

Quebramos leitos e vidas com nosso prazer;

Destruímos morais estabelecidas e profanamos nosso corpo

Somos todos os pecados

Somos desejo

Somos carne

Amor, paixão.... que os simples mortais sintam!

Nós desperdiçamos prazer e gozamos o gozo da liberdade.

Talvez, você nem lembre mais de nós; para quê lembrar?

O que tinha que acontecer, vivemos.

As últimas lembranças estão molhadas na cama.

Talvez, nos encontremos, mas, caso não nos achemos

foi tudo vivido e se também não foi; foi.

Você e eu e e eu e você e vocêeu voceu...

Uma história que será contada pelo esquecimento de nós!

Mário Paternostro