Monstro

Sentindo-se destruído,

assustado e acuado.

Considerando todos seus inimigos,

meu coração segue amedrontado.

Falo com ele todo dia.

Peço que se lembre de quando sorria.

Chorando, diz que são lembranças tristes,

de um tempo que já não existe.

Tento me aproximar.

Tento fazê-lo enxergar

o bem que já fez.

Que, mesmo que esteja a se machucar,

cada um sorriu com este pelo menos uma vez.

Cada um sorrir esse coração já fez.

Distorcido pela mágoa.

Desconstruído pelas mentiras de uma falsária,

Ele se irrita e pergunta:

"Se isso me fere, do que adianta?"

Sem resposta, sou sincero.

"Não sei. E, saber nem quero."

Explico devagar:

"Me satisfaz fazer feliz quem você tende a amar."

"Você ainda confia em mim?"

Pergunta sem jeito assim.

"Com todo meu coração."

Brinco com o dono de minha emoção.

Com o céu claro e estrelado,

nessa calma noite que há tanto temos esperado,

lembro-te da tão sagrada verdade

que, às vezes, esquecemos com tamanha maldade:

Lembre-se da dor que sentiu

E não a deixe te transformar no monstro que te feriu.

Fellipe Mendonça
Enviado por Fellipe Mendonça em 15/12/2016
Reeditado em 10/03/2017
Código do texto: T5854413
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