O CÍRCULO

O círculo que circula o circo,

circula o aro dos meus óculos,

pós-graduados em oftalmologia.

Circula a roda que rola o rolo,

que o malabarista traz nos pés.

Circula a sombrinha da equilibrista,

na corda bamba da sorte pela vida.

Circula o arco de fogo,

por onde salta ligeiro o leão.

O círculo que circula a saia da bailarina

circula o fundo da lamparina,

e o globo da morte

sob um olhar circunspecto.

Dentro do círculo do circo,

tudo é meramente circunstancial...

Engolidores de fogo, atiradores de facas,

trapezistas, malabaristas, dançarinos,

contorcionistas, palhaços,

e apresenta dores nos rostos sofridos

de infinitas viagens circulando o mundo.

O círculo que circula o circo,

circula a aba circular da cartola ilusória,

e a serra que divide a mulher, dentro da caixa,

em duas partes extremamente reais.

Uma queimando em desejos carnais,

outra em uma alma fria e petrificada,

pelo choro das ilusões que não mais voltarão.

No círculo que circula o circo,

circulam personagens enjaulados,

que vem admirar a beleza trancada a chaves,

das feras exaustas de andarem em círculos,

sob o estalar dos chicotes de seus domadores.

Circulam os ventos que sopram, o círculo do circo,

de cidade em cidade, de idade em idade.

Desde criança a adolescência.

Da adolescência a juventude,

e da juventude a terceira e ultima idade.

Nova Serrana (MG), 19 de fevereiro de 2008.

Tadeu Lobo
Enviado por Tadeu Lobo em 12/12/2016
Código do texto: T5851389
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