INVÓLUCRO
Eu escrevo
porém a correção,
deixo ás formigas.
Não me importo com o que dizem
pois os zunzunzuns das abelhas,
tanto adoçam quanto ferem.
Se o pernilongo necessita
do meu tipo de sangue,
terá antes que afinar seu violino.
E se o bem-te-vi quiser me ver
terá que esperar um pouco,
pois ainda não sei o que serei
ao sair de meu aconchegante invólucro.
Se, voarei por entre as flores
de uma linda manhã de primavera,
ou se serei produtor de tecidos finos
feitos com filamentos do meu invólucro.
Escrevo porque vejo nisso tudo
uma grande arte.
Manha, onde posso ser,
o dez conhecido da seleção
de grãos híbridos, ou o sal,
mão estendida em busca de paz.
Nova Serrana (MG), 28 de novembro de 2007.