INVÓLUCRO

Eu escrevo

porém a correção,

deixo ás formigas.

Não me importo com o que dizem

pois os zunzunzuns das abelhas,

tanto adoçam quanto ferem.

Se o pernilongo necessita

do meu tipo de sangue,

terá antes que afinar seu violino.

E se o bem-te-vi quiser me ver

terá que esperar um pouco,

pois ainda não sei o que serei

ao sair de meu aconchegante invólucro.

Se, voarei por entre as flores

de uma linda manhã de primavera,

ou se serei produtor de tecidos finos

feitos com filamentos do meu invólucro.

Escrevo porque vejo nisso tudo

uma grande arte.

Manha, onde posso ser,

o dez conhecido da seleção

de grãos híbridos, ou o sal,

mão estendida em busca de paz.

Nova Serrana (MG), 28 de novembro de 2007.

Tadeu Lobo
Enviado por Tadeu Lobo em 12/12/2016
Código do texto: T5851379
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