O JARDIM
No nosso jardim, percebi tristonho,
Que o tempo de flores já se havia acabado.
Achei as roseiras sem as rosas,
Só achei das rosas os espinhos.
Já não havia nas aléias o perfume,
Dos crisantemos, margaridas e azaléias.
No solo só folhas desgarradas,
Jogadas nos canteiros, abandonadas.
Nao via eu nem o jardineiro tão gentil
Que no passado oferecia buques e ramalhetes.
Nem as abelhas que recolhiam o nectar e o polen,
Para produzir diligentes o propolis e o mel.
Caminhei pelas alamedas relembrando
Teu cabelo enfeitado por lindos lírios
Teu perfume competindo com outras flores
O amor que faziamos sob a relva.
Vendo a desolação de tudo aquilo
Percebi então mais que depressa
O que supria o jardim de energia
Era tua aura de alegria.
Quando tu fostes embora, minha dama,
Levaste toda a vida do local.
A mim deixaste apenas um triste corpo.
Levaste minha alma no bornéu.