Cardo
Coração de terra, parda a pele
áspera de ventos e frios,
de água e estios indomáveis.
Vinhas de mãos gretadas
raspar-te em mim
e tocavas o meu sexo
como carícia de cardo
doce e agreste.
.
Bebias-me como licor e gemias
uma febre que nunca antes conheci.
Sabias a vento, a pó da estrada,
sabias a sangue e tinhas gosto de nada,
da voz que, paradoxal,
tremeu ardente e sempre pura
nos amo-te que me disseste.