Feroz
Não quero este frio que me apavora,
nem quero esquecer,
que os reflexos dos meus olhos,
no espelho,
desnudaram de alma,
e corpo inteiro,
teu ser, que por trás do vidro,
refletia-se na ternura de um olhar...
Quero buscar teu perfume,
nos ares que me refrescam, e alienam,
onde confundo a brisa que passa,
com teu cheiro doce e invasivo,
de bicho no cio à procura de sua fêmea...
Quero o desejo,
que em mim borbulha,
me arrastando pelo Espaço,
com fogo e calor de astro,
na busca de tua imagem,
e minha transparência,
que fixei nos céus,
de qualquer lugar...
Não te quero um ponto distante,
preso ao infinito...
Sim a consciência de tuas verdades,
e tua declaração de amor à mim.
Seja na irreverência,
dos teus indiscretos olhares,
ou na profundidade,
dos teus insondáveis silêncios.
Quero-te inteiro e meu...
Ver teu corpo marcado,
nas dobras do meu lençol.
Sentir o atrito de tua pele,
roçando insinuante, na minha,
arrancando faíscas,
a iluminar nosso quarto,
e nesta hora,
confundir nossas carnes,
misturar nossos sangues,
num pacto voraz,
com a Eternidade...
Quero teu gosto,
na minha saliva,
e de olhos cerrados,
capitular ao teu prazer...
Deixar que sussurros e gritos,
cravem nos teus ouvidos,
minha força e fúria,
a mesma,
comque a das minhas unhas,
ferem tuas costas,
expandindo meu gozo...
Quero absorver teu líquido,
e fecundar minha alma.
E receber-te entre pernas,
com paixão e fantasia,
onde somos,
o enigma e a profecia...
Impregnar-me,
ao sentir teu perfume,
e ao provar teu veneno,
ser feliz,
embriagando-me,
ou morrendo de amor...