mar de delícias
a vidraça se quebra e se estilhaça;
os pedaços de vidro se espalham ao léu.
sua boca se abre, eu pressinto a ameaça
de uns lábios que eram mais doces que o mel
lá em cima, andorinhas nos olham sem graça
e aqui perguntamos: cadê nosso céu?
os amigos garantem, isso é só pirraça,
porém não imaginam o quanto é cruel
onde estão os abraços, os beijos, carícias
quando nos conhecemos? o tempo enxugou?
foram apenas vapores que o sol extinguiu?
para quem se encantou com um mar de delícias,
hoje nesse deserto que é o que sobrou
nem parece que a vida um dia existiu...