A outra
A outra
(Emília Casas)
Meu amor demorou tanto
Que não pude esperar
Apagou-se-me o sorriso
E o brilho do olhar
E aquele jeito moleque
Que eu pensava eterno
Deixou ruas e praças
E hoje tão só hiberno.
E das mãos todos afagos
Escorreram pelos dedos.
Eu as mantenho fechadas
Nada arrisco. Tenho medo
Do olhar levou o brilho
Hoje de um azul sem graça
Mas deixou nele um riacho
De água que nunca passa.
E agora você chega
E dia que ainda me quer
E me pergunta ansioso:
- Onde está minha mulher?
- O tempo passou aqui
E impiedosamente
Levou aquela mulher
E lhe deixou eu somente.