O Náufrago e a Sereia
No remanso do desejo, és a água vespertina,
e transbordas em meus seios, como gotas cristalinas.
Em meu corpo te recebo, na quietude da emoção,
quando escorro em tua pele, como seiva de paixão.
Somos ondas que se tocam, vai e vem que alucina,
somos águas de correntes, que o mar jamais domina.
As areias nos recebem, no profundo do seu leito.
Em meu íntimo, resume-se, o suspiro do teu peito.
Flutuamos pelo azul, sem destino e sem perguntas,
somos dois sobreviventes, no oceano sem respostas.
No horizonte sem limite, no desejo sem razão,
no reinado dos sentidos, nos governa, o coração.
Há um sol por testemunha, do calor dos nossos beijos.
Há estrelas que assumem, em seu brilho nossos medos.
Todo céu sobre a cabeça, é o silêncio que enternece.
quando a Lua passageira, dá-nos luz, que nos protege.
Como gota do oceano, somos sal e água pura,
e não há quem nos reprima, pela força ou candura.
Somos cúmplices na vida, tens a fome e eu a ceia,
és um náufrago perdido, em minha alma de sereia.