CONFISSÕES DE EROS, O CUPIDO

Com arco e flecha, o Anjo Cupido desabafou:
Tomam-me por um menino inconsequente,
Um anjo desajuizado e as vezes inconveniente!
Mas sou Eros. Foi-me confiado, o ato do amor.
Amar, o mais importante movimento dos seres,
Vivo então de desafios ante esses meus poderes!
Torno-me filósofo, poeta, músico. Sou um artista.
E como arqueiro, denuncio os vilões do  amor:
Atento, sempre alerto para a soberba e o temor!
A soberba, sempre manifesta através da vaidade
Pela ausência do tato nobre da cara simplicidade
Assim, como atua disfarçado o dessimulado temor
Por medo de se expor, caotiza mudo sua defasagem
Desenergizando a doce poesia que vem da coragem.
Assim,  a má política da razão, desestabiliza a ação.
Suaviso, atuo com  argumentos, intuo, explico
Mas vem outro vilão que é o medo de correr risco.
Os amantes sofrem, sucumbem à inércia do tempo
Ficam adiando, lidando com a fuga, a distração...
Desperdiçam a felicidade, e me acusam a atuação.
Mas, como sou perito em lidar com coisas do amor,
Para que eles vivam felizes e saiam bem realizados
Resolvo os desencontros e conservo-os enamorados!
 
 
 
Tânia de Oliveira
Enviado por Tânia de Oliveira em 15/11/2016
Reeditado em 15/11/2016
Código do texto: T5824490
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