Lascívia
Olhava o corpo dela como se desvestido de alma
Lhe devorava a carne desnudando-lhe as vestes
Com os olhos sedentos de luxúria
Não se detinha nos olhos dela
Vestidos de melancolia
Nem percebia-lhe a voz
Afinada na delicadeza
Não lhe notava as mãos
Suaves de gentilezas
Ela transbordava ternura
Transpirava amor
Exalava aroma de flor do campo
Após o orvalho da noite
Ele, saliva lascívia
A espreitava como um lobo
Sem nenhuma delicadeza
Lhe percorria cada palmo
Não lhe sondara os anseios
Não lhe olhara o rosto
Não lhe escutara as palavras
Que uma a uma, unidas
Feito notas musicais
Soavam doce musicalidade
Ele era dentes, presas, boca
Ela era poesia, romantismo
Ele era nada mais que falo
Sua viagem era pelas entranhas do corpo
Ela era sonho, amor
Viajava pelos prazeres mais profundos
Desfrutados no recôndito da alma
Ele podia penetrar-lhe o corpo
Mas jamais lhe alcançaria a alma
Ele seria sempre desejo raso
Ela... estratosférico...