SOLIDÃO ALGOZ

SOLIDÃO ALGOZ

Na porta do destino do sem querer

Você entrou...

Elegante e viril pediu para ficar,

Apascentando olhar cinzento

Trouxe músicas de saudade,

Fotografias soltas, livros reli.

Ouviu estórias minhas,

Meu coração arfando a dor

Confidenciei desejos secretos.

Dei chaves da casa, usou meu banheiro,

Viu minha pele nua,

O chuveiro escorrendo meus ais pelo ralo,

Joguei os vermes das mentiras de bueiro,

A poeira da alma debaixo do tapete...

Ajoelhei e pedi clemência!

Bebeste no meu copo a minha gelada tristeza.

Você surrupiou a caixa de jóias da minha alegria.

Presença no espelho, no batom, no meu perfume...

Impediu-me de alcançar o negro telefone

Tampou minha boca em socorro...

Corri de você, horroroso silêncio!

Meu vício de você, companheira certa de mim!

Amarrada à cama,

Cobriu-me e fingi adormecer...

O roçar das franjas do cobertor,

Eu senti o amor,

Mas ao meu lado você que estava,

Eu chorava...

Você sorria! Olhava-me!

Solidão maldita!

Arma presente! Transparente?

Arma Branca!

Matei você...

Arranquei a espada de mim!

Gritei liberdade!

Liberdade!

Cíntia Thomé

Faz parte do livro da autora Cíntia Thomé - OLHOS DE FOLHA MINHA

pela livraria Saraiva

Direitos Registrados

Cíntia Thomé
Enviado por Cíntia Thomé em 27/07/2007
Reeditado em 12/09/2008
Código do texto: T582042
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