SOLIDÃO ALGOZ
SOLIDÃO ALGOZ
Na porta do destino do sem querer
Você entrou...
Elegante e viril pediu para ficar,
Apascentando olhar cinzento
Trouxe músicas de saudade,
Fotografias soltas, livros reli.
Ouviu estórias minhas,
Meu coração arfando a dor
Confidenciei desejos secretos.
Dei chaves da casa, usou meu banheiro,
Viu minha pele nua,
O chuveiro escorrendo meus ais pelo ralo,
Joguei os vermes das mentiras de bueiro,
A poeira da alma debaixo do tapete...
Ajoelhei e pedi clemência!
Bebeste no meu copo a minha gelada tristeza.
Você surrupiou a caixa de jóias da minha alegria.
Presença no espelho, no batom, no meu perfume...
Impediu-me de alcançar o negro telefone
Tampou minha boca em socorro...
Corri de você, horroroso silêncio!
Meu vício de você, companheira certa de mim!
Amarrada à cama,
Cobriu-me e fingi adormecer...
O roçar das franjas do cobertor,
Eu senti o amor,
Mas ao meu lado você que estava,
Eu chorava...
Você sorria! Olhava-me!
Solidão maldita!
Arma presente! Transparente?
Arma Branca!
Matei você...
Arranquei a espada de mim!
Gritei liberdade!
Liberdade!
Cíntia Thomé
Faz parte do livro da autora Cíntia Thomé - OLHOS DE FOLHA MINHA
pela livraria Saraiva
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