RECOMEÇAR
Pelas paredes da sala
fotografias recortadas
de inúmeros jornais,
vão se transformando
em grandes obras de arte,
enquanto os confetes
se procriando pelo chão
em cores variadas deixa ver
como foi a noite anterior.
Na madeira da porta principal
ficaram gravadas sua marcas,
feitas por dentes e unhas,
na tentativa de que eu não me fosse.
Antes de partir, as janelas embaçadas,
me acenaram suas cortinas empoeiradas
como a me dizerem um adeus.
Saí...
Saí ferido, machucado, destruído...
Sem nem ao menos saber
que destino eu deveria tomar.
Mas saí com o pouco de vida
que ainda me restou de tudo.
Aquela noite fora longa, interminável.
Ao passar pelo muro frio da rua,
o brilho fosco da lua tentou me seguir,
mas, por fim, desistiu na primeira esquina.
Assim caminhei sozinhos
o meu novo caminho.
Deixei tudo para trás, até mesmo
minha própria identidade.
Agora não sei mais quem eu sou.
E se me perguntarem,
eu simplesmente lhes direi,
que tudo perdi e nada me restou
senão a paz em meu coração
e a certeza de que deverei recomeçar.
Recomeçar sempre,
a cada novo dia que amanhecer,
pois a vida também renascerá
sempre a cada novo dia,
basta que eu seja forte o bastante
para seguir o meu novo caminho.
Estação do cercado (MG), 13 de abril de 2013.