RECOMEÇAR

Pelas paredes da sala

fotografias recortadas

de inúmeros jornais,

vão se transformando

em grandes obras de arte,

enquanto os confetes

se procriando pelo chão

em cores variadas deixa ver

como foi a noite anterior.

Na madeira da porta principal

ficaram gravadas sua marcas,

feitas por dentes e unhas,

na tentativa de que eu não me fosse.

Antes de partir, as janelas embaçadas,

me acenaram suas cortinas empoeiradas

como a me dizerem um adeus.

Saí...

Saí ferido, machucado, destruído...

Sem nem ao menos saber

que destino eu deveria tomar.

Mas saí com o pouco de vida

que ainda me restou de tudo.

Aquela noite fora longa, interminável.

Ao passar pelo muro frio da rua,

o brilho fosco da lua tentou me seguir,

mas, por fim, desistiu na primeira esquina.

Assim caminhei sozinhos

o meu novo caminho.

Deixei tudo para trás, até mesmo

minha própria identidade.

Agora não sei mais quem eu sou.

E se me perguntarem,

eu simplesmente lhes direi,

que tudo perdi e nada me restou

senão a paz em meu coração

e a certeza de que deverei recomeçar.

Recomeçar sempre,

a cada novo dia que amanhecer,

pois a vida também renascerá

sempre a cada novo dia,

basta que eu seja forte o bastante

para seguir o meu novo caminho.

Estação do cercado (MG), 13 de abril de 2013.

Tadeu Lobo
Enviado por Tadeu Lobo em 11/11/2016
Código do texto: T5819755
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