Impenetrável...

Vejo pedras, paredes, um ciclo...

Impenetrável. Vejo a escuridão...

E não vejo suas mãos... Sua boca.

Nem ouço o seu coração, a sua voz...

Não vejo mais você...

Vejo o mar...

Não vejo um jeito de navegar,

nem como alcançar o horizonte...

Não sinto a brisa,

só a tempestade.

As ondas enfurecidas.

Parece que não há vida...

Vejo o infinito vazio...

Um céu sem estrelas...

Um luar pálido e triste...

E a imensidão

Mostrando a solidão...

Não posso voar...

porque o tempo se fechou...

Não vejo cor, nem luz. Foi assim:

Trancou-se a sete chaves se lacrou;

e eu não tenho como abrir, uma só,

para me dar esperanças...

Vejo com mais nitidez,

friamente sem emoção...

Que nenhuma gota derramasse,

que as lagrimas secaram,

E que agora estou vivendo,

o suplicio amargo

de ver tudo enterrado...

Cláudio Domingos Borges