PÉROLA

Hoje não escreverei como libertino, como realejo ou como messenger,

não, não usarei nenhuma das metáforas da masculinidade

Sou um andarilho

Inoportuno como os andarilhos Sou um andarilho

Fico desolado, perdido na indiferença de diamante da tua solidão,

Rainha de Todo o Gelo, passeando no definitivo inverno, cercada de morsas

Fico desolado, mas acho lindo a gravidade inexpugnável da limpidez,

estampada no rosto, Rainha, teu reinado é despojar-se

A beleza é um desalinho na apoteose

Crepúsculos ensurdecedores deslocam a lua,

ferida pelo amor dos anjos enlouquecidos pelo real,

Rainha, nenhum perigo nos ameaça,

os vândalos dormem além da floresta do Bem e do Mal,

onde o sol é uma pérola selvagem

servida na bandeja do céu

Rainha, os pássaros mergulham na orgia do riso teu,

o silêncio é a serpente da ansiedade, baby, baby, baby,

nada nos ameaça além do lado de fora, minha bela,

sigamos rumo às cidades cujo luxo e o prazer os conquistadores

não conseguiram apagar.