Abstinência
É chegada a grande hora, momento de quietude,
lá fora os grilos e as cigarras em balbúrdia, aqui dentro eu, inquietude.
Repouso em meus aposentos, mas não fecho os olhos sem vir em minha mente incessantes pensamentos.
Meu corpo chega a doer, minha alma sente-se apertada pela falta que tu me faz.
Maldita abstinência,
abstinência de teus lábios,
de teus seios,
do calor de seu corpo entrelaçado ao meu.
Recordo do seu olhar doce nas madrugadas antecedentes.
Manha já se torna seu sinônimo a chegada da alvorada.
Mas agora, maldita abstinência.
Por que me viciaste, de certo obra de alguma feitiçaria, só penso em ti, esteja noite ou seja dia.
Inquieto fecho os olhos me ponho a acalmar minha mente, mas se torna uma batalha perdida, vejo sua face e retrocedo em minhas lembranças.
Recordo dos nossos dias juntos, caminhando em meio as praças e bosques da cidade, brincadeiras e carinhos um após o outro.
Que abstinência, fico deitado por horas, vou de norte a sul na cama, até que começo a ficar sereno, e a cada segundo que se passa mais e mais, adormeço.
Contado poucas frações de hora as badaladas do relógio ecoam em meu aposento momento de seguir o dia, e enfim lhe ver.