JACI
Eras um sonho comum
que pintei
com as cores
de Picasso,
um texto raso
que refiz
com a eloquência
de Saramago,
uma alma frágil
que mergulhei
nas profundezas
de Dostoiévski,
de uma beleza rara
magnificamente única
como a música
de Belchior,
uma obra
imperfeita,
um vinho
que não respira
mas pelo qual
me entorpeci
até confundir meus gostos
e embaralhar
todos os quadros,
discos, livros
numa pessoa só,
encarnação
do perfeito
e inexato,
uma piada
da qual ri
até a gargalhada
virar pranto
sem graça
assim cai
na desgraça
ao te querer
e me perder...