O que nos salva dessa causa perdida?
Daqui nada se leva. Certo?
Mas também nada se traz na chegada.
É um jogo que no fim só há derrota (?)
Mas isso não quer dizer, caro amigo,
Que de nada vale esforçar-se.
A derrota a que me refiro
É essa comunicação entre ser e o inexistir,
É o permanecer sem propriamente estar...
Pois o âmago da nossa existência terrena é esse não saber mais que saber
essa dúvida infindável do todo, é o tudo que pode
Mas que nem tudo poderá - pois não há de haver tempo suficiente.
E aqui, penso eu, é onde o medo aparece - no não haver tempo suficiente.
Talvez seja ele quem nos controla
E quem também nos tira do sério.
O medo, medo do não fazer
medo do não estar, medo do não saber,
medo do não querer. Enfim, medo do tempo.
Ainda bem que temos o amor.
Ah o amor, com ele - e só com ele, a vida não precisa
necessariamente ser uma derrota. Com ele não precisa nem ser ou não ser...
Pois se algo na vida pode não acabar
É somente o amor. Só nele temos a chance de sair dessa na vitória.
Só com ele vivesse na eternidade.
Navegas qualquer mar
Na calmaria.
No amor.