Lobo
Trago na voracidade a fome do mundo.
É meu este tempo bruto,
este naco de humaníssima gente,
a cidade que lentamente apodrece
no medo de quem mata e aqui morre.
Venho à carne do silêncio
à terra hiante
ao sexo sem semente que o adoce,
que o traga ao corpo de quem,
ainda vivo espera quem não chega.
Venho, luto e logo morro
entre areia e pedras devastado,
ainda solidão.