Erros & Eros

Aos amores intensos que tanto fiz pouco,

Não vos quis debochar. Não é orgulho algum,

Nem sequer gosto de fazer-me de insensível.

Por vezes, só me escondo num papel de mouco,

Para fugir ao encontro deste enfadonho jejum.

Que emoções sentir, onde só me há fome invisível?

Foi aquele anjo mau. Atordoa-me, dizendo-me amar.

Rio-me dele, tadinho, não sabe lá o que diz.

Quem gostaria de passar os dias hipnotizado,

Rompido de sua força, e ao final, se lamentar.

Deus me livre! Quero mais é ser verniz

Dos meus sonhos solo. Anjo louco, tenha-te calado!

Aos trancos e barrancos luto contra mim; Amor.

Faço o possível para de ti me desencontrar.

Quem é que vai querer amar-te, Amor?

Vou à morte quando amo, ó Senhor!

Tu que venhas atrás de mim, vou te mostrar

Que de nada adianta se não me fazes valor.

Faço birra e não descanso, sequer. Penero-te

Para que me leve aos poucos e não me transbordes

Os excessos, os orgulhos, minhas juras e afins.

Não quero mais do que posso levar, dilacero-te

Se preciso. Não adianta, vai que tu acordes.

Suma com tua turma de desocupados querubins!

Sou daqueles que acha tudo um furor romântico,

Viver o sentimento à conta gotas. Desfazer-me

Dos embaraços do acaso, para depois junta-lo

Em pequenas peças coloridas do reger semântico.

Tu Eros, me apressas nas coisas do viver-me

Quando o que quero é o tempo de sonha-lo.

Os amores menos intensos é que me interessam.

Desses que fervem em banho maria por horas,

Semanas e dias. Admita poeta, não me esqueças

Que o coração ama. E grita louco, não me arrefeçam!

Assim, as vinhas das maduras paixões que me afloras,

No amor que de mim fujo, alma, tu te fortaleças.

Hernâni Arriscado - Erros & Eros.

Hernán I de Ariscadian
Enviado por Hernán I de Ariscadian em 26/10/2016
Código do texto: T5804116
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