Ramalhete de Margaridas

Sobre a mesa, um vaso contendo margaridas

A mesma estranha sensação de vagar sozinho

Aperta-me o peito e já penso em nossas vidas

Na alma me estrangula a saudade em nozinho

Conclamo, pois voltes desta vez em definitivo

Insinues que as dores não são um extermínio

E acredites na chance de permanecer bem vivo

Nosso amor empoçado em vertiginoso declínio

Figuremos de vez na mansidão de rasos mares

E rechacemos cada estorvo que nos incomoda

Anunciemos que viver o amor vale mil pomares

De cuidadosos gestos mantendo sempre a poda

Copiemos a brandura das nuvens tão peregrinas

Façamos o entregador de sonhos bater à porta

Empunhando uns cestos de estrelas matutinas

E o ramalhete de margaridas que ora nos conforta

Rui Paiva
Enviado por Rui Paiva em 26/10/2016
Código do texto: T5804064
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