Ramalhete de Margaridas
Sobre a mesa, um vaso contendo margaridas
A mesma estranha sensação de vagar sozinho
Aperta-me o peito e já penso em nossas vidas
Na alma me estrangula a saudade em nozinho
Conclamo, pois voltes desta vez em definitivo
Insinues que as dores não são um extermínio
E acredites na chance de permanecer bem vivo
Nosso amor empoçado em vertiginoso declínio
Figuremos de vez na mansidão de rasos mares
E rechacemos cada estorvo que nos incomoda
Anunciemos que viver o amor vale mil pomares
De cuidadosos gestos mantendo sempre a poda
Copiemos a brandura das nuvens tão peregrinas
Façamos o entregador de sonhos bater à porta
Empunhando uns cestos de estrelas matutinas
E o ramalhete de margaridas que ora nos conforta